Projetos
Reescrita de textos literários na
alfabetização inicial
Catia Eliane Nicolachik investiu em
literatura de qualidade e no acompanhamento individual para ampliar a
alfabetização das classes
Eles não são escritores
profissionais. Pelo contrário, são iniciantes no mundo das letras. No entanto,
reescreveram um clássico da literatura infantil e passaram por algumas das
principais etapas de produção de um livro: redação do texto, revisão, ilustração
e até uma tarde de autógrafos. O desafio foi proposto pela professora Catia
Eliane Nicolachik para as suas duas turmas do 1° ano da EM Ayrton Senna, em
Itapoá, a 220 quilômetros de Florianópolis. E, apesar de estarem em processo de
alfabetização, os alunos não foram subestimados. No repertório de leitura, nada
de livros curtos ou ingênuos: somente literatura de qualidade.
A proposta desenvolvida por Catia tem um bom planejamento e objetivos didáticos claros: desenvolver procedimentos de leitura, escrita e revisão com base nos contos de fadas, especificamente Chapeuzinho Vermelho. Cada turma deveria produzir um livro para a mostra cultural que seria posteriormente doado à biblioteca da escola.
Antes de escolher a história a ser reescrita, os pequenos tiveram contato com versões tradicionais, como a dos irmãos Jakob (1785-1863) e Wilhelm Grimm (1786-1859) e a de Charles Perrault (1628-1703), e outras contemporâneas, como a de Guimarães Rosa (1908-1967) e a de Chico Buarque de Holanda.
Catia também se apoiou nos contos para levar a classe a refletir sobre o sistema de escrita. Propôs atividades, por exemplo, com o nome dos personagens e o título das histórias. Os alunos puderam escrever da forma que sabiam até então e com isso ela criou as condições ideais para que eles aprendessem.
O avanço das crianças é inegável. Quando o projeto teve início, 30 dos 40 estudantes não eram alfabéticos. No fim do trabalho, que durou quatro meses, apenas 13 ainda não estavam alfabetizados, mas haviam avançado consideravelmente.
A proposta desenvolvida por Catia tem um bom planejamento e objetivos didáticos claros: desenvolver procedimentos de leitura, escrita e revisão com base nos contos de fadas, especificamente Chapeuzinho Vermelho. Cada turma deveria produzir um livro para a mostra cultural que seria posteriormente doado à biblioteca da escola.
Antes de escolher a história a ser reescrita, os pequenos tiveram contato com versões tradicionais, como a dos irmãos Jakob (1785-1863) e Wilhelm Grimm (1786-1859) e a de Charles Perrault (1628-1703), e outras contemporâneas, como a de Guimarães Rosa (1908-1967) e a de Chico Buarque de Holanda.
Catia também se apoiou nos contos para levar a classe a refletir sobre o sistema de escrita. Propôs atividades, por exemplo, com o nome dos personagens e o título das histórias. Os alunos puderam escrever da forma que sabiam até então e com isso ela criou as condições ideais para que eles aprendessem.
O avanço das crianças é inegável. Quando o projeto teve início, 30 dos 40 estudantes não eram alfabéticos. No fim do trabalho, que durou quatro meses, apenas 13 ainda não estavam alfabetizados, mas haviam avançado consideravelmente.
Sem medo do Lobo Mau
A empolgação tomou conta da classe
quando Catia começou o projeto e contou a história de Chapeuzinho Vermelho. Os
alunos demonstraram que já conheciam o conto, mas com algumas variações.
Sinalizaram, por exemplo, que em algumas versões não há o personagem caçador, e
sim lenhador, e que nem sempre a barriga do lobo é aberta. Mas, quando ela
aproveitou a animação e solicitou que eles reescrevessem individualmente a
história, muitos acharam a tarefa difícil demais.
Para orientá-los, a professora organizou um reconto coletivo e registrou os principais episódios no quadro. A próxima atividade foi em duplas. Aqueles que ainda não se sentiam à vontade para escrever foram auxiliados por Catia, que assumiu a figura de escriba. Essa primeira parte do processo serviu como um diagnóstico, já que as crianças demonstraram seus conhecimentos em relação ao enredo da história e também em qual hipótese de escrita estavam. Tendo as produções em mãos, ela tabulou os resultados para apontar quais haviam utilizado título, pontuação e espaçamento e conseguido ordenar a sequência de fatos.
Segundo a professora, registrar cada passo do projeto e digitar os textos foram as principais dificuldades e muitas vezes ela precisou levar trabalho para casa. "Nem sempre as horas de atividades extraclasse são suficientes para isso. É difícil conciliar o projeto com o planejamento dos conteúdos que são levados paralelamente", lembra.
A qualidade dos registros feitos ao longo do projeto foi destacada por Denise Guilherme da Silva, selecionadora do Prêmio Victor Civita - Educador Nota 10. Ela ficou surpresa com o volume de texto que os alunos produziram, mesmo sem saber escrever convencionalmente. "Esse trabalho foi fundamental para a realização do projeto. Isso possibilitou que a professora acompanhasse de perto o desenvolvimento de cada um", comenta.
Do ponto de vista didático, trabalhar com a reescrita de histórias é imprescindível, pois a leitura permite que a turma entre em contato com as características da linguagem que serão necessárias para a produção de texto. "A grande vantagem de aproveitar uma narrativa conhecida, em vez de criar uma, é que as crianças não precisam inventar e podem se concentrar em outros aspectos dessa complexa atividade que é escrever", comenta a argentina Cinthia Kuperman, que atua na equipe de Práticas da Linguagem da Direção de Currículo da Secretaria de Educação de Buenos Aires, na Argentina.
Pequenos leitores, grandes autores
"Se tivesse de eleger o principal critério para escolher os livros que serão trabalhados nas escolas, responderia que são aqueles imprescindíveis, que não caem no esquecimento e permitem aos alunos debater o tema com outros leitores dessas mesmas histórias", recomenda Cinthia. De acordo com ela, uma boa seleção envolve pensar em que leitores se quer formar e no percurso que eles já fizeram em relação à leitura.
Catia segue à risca essa recomendação e o repertório escolhido por ela foi decisivo para que o projeto tivesse êxito. "A professora não nivela por baixo e demonstra que é possível trabalhar uma literatura de qualidade mesmo com os pequenos", reforça Denise. Ao produzirem seus textos, as crianças se apropriaram do vocabulário e de aspectos específicos do universo dos contos. Muitas delas mencionaram, por exemplo, o enorme lobo de olhos brilhantes relatado pelos irmãos Grimm.
Após ter contato com inúmeras versões, os alunos apontaram no quadro os diferentes autores e compararam título, a figura salvadora e o local onde a história ocorre. "Ao analisar Chapeuzinho Amarelo, de Chico Buarque, muitos argumentaram que a narrativa ocorre em um apartamento, e não em uma floresta ou um bosque", lembra Catia.
Cada turma escolheu a versão que iria reescrever. A da manhã optou por Chapeuzinho Preto, de José Roberto Torero e Marcus Aurelius Pimenta. A preferida da classe da tarde foi Uma História Atrapalhada, de Gianni Rodari (36 págs., Ed. Biruta, tel 11/3085-0233, 36 reais). Em um novo momento de reescrita coletiva, nasceram os textos que figuram na versão final do livro, revisados também com o grupo todo.
Antes de encerrar o trabalho sobre Chapeuzinho, houve mais uma atividade em duplas formadas intencionalmente por alunos com hipóteses de escrita semelhantes. Após a produção, Catia inovou na maneira de realizar a revisão do enredo. Digitou cada um dos textos, deixando lacunas para que eles completassem com informações que ficaram de fora. Para realizar a tarefa, foi preciso retomar a leitura e discutir sobre aquilo que estava faltando. Além da revisão do enredo, a turma se debruçou sobre aspectos como a pontuação e a eliminação de palavras repetidas.
Como explica Delia Lerner em Ler e Escrever na Escola: O Real, o Possível e o Necessário (128 págs., Ed. Artmed, tel 0800-7033444, 39 reais), ao aprofundar o aprendizado sobre esse tema, o professor contribui para a formação de escritores "conscientes da pertinência de emitir certo tipo de mensagem em determinado tipo de situação social". Quando se desenvolve a capacidade crítica sobre a produção textual desde os primeiros anos na escola, evita-se um problema que Delia denuncia ainda ser recorrente: os alunos acreditarem que "a escrita foi concluída quando se pôs o primeiro ponto final na primeira versão", ou ainda que compete "a outra pessoa - o professor, não o autor - se encarregar da revisão".
Para orientá-los, a professora organizou um reconto coletivo e registrou os principais episódios no quadro. A próxima atividade foi em duplas. Aqueles que ainda não se sentiam à vontade para escrever foram auxiliados por Catia, que assumiu a figura de escriba. Essa primeira parte do processo serviu como um diagnóstico, já que as crianças demonstraram seus conhecimentos em relação ao enredo da história e também em qual hipótese de escrita estavam. Tendo as produções em mãos, ela tabulou os resultados para apontar quais haviam utilizado título, pontuação e espaçamento e conseguido ordenar a sequência de fatos.
Segundo a professora, registrar cada passo do projeto e digitar os textos foram as principais dificuldades e muitas vezes ela precisou levar trabalho para casa. "Nem sempre as horas de atividades extraclasse são suficientes para isso. É difícil conciliar o projeto com o planejamento dos conteúdos que são levados paralelamente", lembra.
A qualidade dos registros feitos ao longo do projeto foi destacada por Denise Guilherme da Silva, selecionadora do Prêmio Victor Civita - Educador Nota 10. Ela ficou surpresa com o volume de texto que os alunos produziram, mesmo sem saber escrever convencionalmente. "Esse trabalho foi fundamental para a realização do projeto. Isso possibilitou que a professora acompanhasse de perto o desenvolvimento de cada um", comenta.
Do ponto de vista didático, trabalhar com a reescrita de histórias é imprescindível, pois a leitura permite que a turma entre em contato com as características da linguagem que serão necessárias para a produção de texto. "A grande vantagem de aproveitar uma narrativa conhecida, em vez de criar uma, é que as crianças não precisam inventar e podem se concentrar em outros aspectos dessa complexa atividade que é escrever", comenta a argentina Cinthia Kuperman, que atua na equipe de Práticas da Linguagem da Direção de Currículo da Secretaria de Educação de Buenos Aires, na Argentina.
Pequenos leitores, grandes autores
"Se tivesse de eleger o principal critério para escolher os livros que serão trabalhados nas escolas, responderia que são aqueles imprescindíveis, que não caem no esquecimento e permitem aos alunos debater o tema com outros leitores dessas mesmas histórias", recomenda Cinthia. De acordo com ela, uma boa seleção envolve pensar em que leitores se quer formar e no percurso que eles já fizeram em relação à leitura.
Catia segue à risca essa recomendação e o repertório escolhido por ela foi decisivo para que o projeto tivesse êxito. "A professora não nivela por baixo e demonstra que é possível trabalhar uma literatura de qualidade mesmo com os pequenos", reforça Denise. Ao produzirem seus textos, as crianças se apropriaram do vocabulário e de aspectos específicos do universo dos contos. Muitas delas mencionaram, por exemplo, o enorme lobo de olhos brilhantes relatado pelos irmãos Grimm.
Após ter contato com inúmeras versões, os alunos apontaram no quadro os diferentes autores e compararam título, a figura salvadora e o local onde a história ocorre. "Ao analisar Chapeuzinho Amarelo, de Chico Buarque, muitos argumentaram que a narrativa ocorre em um apartamento, e não em uma floresta ou um bosque", lembra Catia.
Cada turma escolheu a versão que iria reescrever. A da manhã optou por Chapeuzinho Preto, de José Roberto Torero e Marcus Aurelius Pimenta. A preferida da classe da tarde foi Uma História Atrapalhada, de Gianni Rodari (36 págs., Ed. Biruta, tel 11/3085-0233, 36 reais). Em um novo momento de reescrita coletiva, nasceram os textos que figuram na versão final do livro, revisados também com o grupo todo.
Antes de encerrar o trabalho sobre Chapeuzinho, houve mais uma atividade em duplas formadas intencionalmente por alunos com hipóteses de escrita semelhantes. Após a produção, Catia inovou na maneira de realizar a revisão do enredo. Digitou cada um dos textos, deixando lacunas para que eles completassem com informações que ficaram de fora. Para realizar a tarefa, foi preciso retomar a leitura e discutir sobre aquilo que estava faltando. Além da revisão do enredo, a turma se debruçou sobre aspectos como a pontuação e a eliminação de palavras repetidas.
Como explica Delia Lerner em Ler e Escrever na Escola: O Real, o Possível e o Necessário (128 págs., Ed. Artmed, tel 0800-7033444, 39 reais), ao aprofundar o aprendizado sobre esse tema, o professor contribui para a formação de escritores "conscientes da pertinência de emitir certo tipo de mensagem em determinado tipo de situação social". Quando se desenvolve a capacidade crítica sobre a produção textual desde os primeiros anos na escola, evita-se um problema que Delia denuncia ainda ser recorrente: os alunos acreditarem que "a escrita foi concluída quando se pôs o primeiro ponto final na primeira versão", ou ainda que compete "a outra pessoa - o professor, não o autor - se encarregar da revisão".
Ler para aprender a desenhar
Antes de chegar a tarde de
autógrafos, ainda havia muito a fazer. Era preciso pensar nas ilustrações do
livro e, para que os estudantes escolhessem a técnica a ser usada, Catia
utilizou a mesma estratégia aplicada aos textos: selecionou um repertório com bons
modelos, nos quais eles pudessem se apoiar.
A professora, que é fã de artistas como Ziraldo, levou vários livros infantis (não apenas de contos de fadas) com diferentes técnicas de ilustração, baseadas no uso de massinha, bordado, recorte, colagem e desenho. Essa última foi eleita para ilustrar os dois livros. "O resultado foi muito bom. Os alunos fizeram desenhos ricos em detalhes, com ângulos pouco convencionais, como o lobo de perfil", comenta Denise.
O trabalho de Catia é mais um exemplo do quanto o uso de livros infantis bons e adequados pode fazer a diferença. A jornalista Graça Ramos, mestre em Literatura Brasileira e doutora em História da Arte, explica em A Imagem nos Livros Infantis - Caminhos para Ler o Texto Visual (173 págs., Ed. Autêntica, tel 0800-2831322, 39 reais) que, ao escolher uma obra, o professor deve levar em conta a qualidade, e não a quantidade de ilustrações. Entre as características que a especialista aponta para uma boa ilustração estão as suas diferentes funções, como a de reiterar, contradizer, ampliar ou sugerir aspectos que não estão explícitos no texto. "As imagens podem reafirmar, negar, expandir ou propor uma visualidade nova para o que está dito com as palavras", afirma.
Na avaliação de Rosa Iavelberg, docente da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP) e selecionadora do Prêmio Victor Civita - Educador Nota 10, um bom livro é aquele que articula tanto as competências artísticas quanto as literárias. "Cada linguagem colabora para a construção da narrativa. Ela não é só textual ou falada, mas também visual", defende.
Deve-se fugir de ilustrações que infantilizem os leitores, que se limitem a fazer correspondência com o texto literal, com imagens estereotipadas ou clichês. "Com isso, é possível criar as condições para que o aluno se torne um leitor exigente em relação à articulação do texto e da imagem", pondera Rosa. Catia conta que hoje as crianças sabem valorizar as ilustrações. "Após tantas referências, para eles é importante identificar não só o autor mas também o ilustrador de cada livro", diz a docente.
Produzir uma história do começo ao fim, cumprir várias etapas de revisão e ilustração não é uma tarefa simples para aqueles que estão em processo de alfabetização, mas a professora conseguiu garantir os estímulos necessários para que a tarefa fosse concluída com bastante sucesso. "Saber que o livro seria lido pelos pais e colegas foi fundamental. Eles se empenharam muito. É muito diferente de escrever por escrever", orgulha-se Catia.
A professora, que é fã de artistas como Ziraldo, levou vários livros infantis (não apenas de contos de fadas) com diferentes técnicas de ilustração, baseadas no uso de massinha, bordado, recorte, colagem e desenho. Essa última foi eleita para ilustrar os dois livros. "O resultado foi muito bom. Os alunos fizeram desenhos ricos em detalhes, com ângulos pouco convencionais, como o lobo de perfil", comenta Denise.
O trabalho de Catia é mais um exemplo do quanto o uso de livros infantis bons e adequados pode fazer a diferença. A jornalista Graça Ramos, mestre em Literatura Brasileira e doutora em História da Arte, explica em A Imagem nos Livros Infantis - Caminhos para Ler o Texto Visual (173 págs., Ed. Autêntica, tel 0800-2831322, 39 reais) que, ao escolher uma obra, o professor deve levar em conta a qualidade, e não a quantidade de ilustrações. Entre as características que a especialista aponta para uma boa ilustração estão as suas diferentes funções, como a de reiterar, contradizer, ampliar ou sugerir aspectos que não estão explícitos no texto. "As imagens podem reafirmar, negar, expandir ou propor uma visualidade nova para o que está dito com as palavras", afirma.
Na avaliação de Rosa Iavelberg, docente da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP) e selecionadora do Prêmio Victor Civita - Educador Nota 10, um bom livro é aquele que articula tanto as competências artísticas quanto as literárias. "Cada linguagem colabora para a construção da narrativa. Ela não é só textual ou falada, mas também visual", defende.
Deve-se fugir de ilustrações que infantilizem os leitores, que se limitem a fazer correspondência com o texto literal, com imagens estereotipadas ou clichês. "Com isso, é possível criar as condições para que o aluno se torne um leitor exigente em relação à articulação do texto e da imagem", pondera Rosa. Catia conta que hoje as crianças sabem valorizar as ilustrações. "Após tantas referências, para eles é importante identificar não só o autor mas também o ilustrador de cada livro", diz a docente.
Produzir uma história do começo ao fim, cumprir várias etapas de revisão e ilustração não é uma tarefa simples para aqueles que estão em processo de alfabetização, mas a professora conseguiu garantir os estímulos necessários para que a tarefa fosse concluída com bastante sucesso. "Saber que o livro seria lido pelos pais e colegas foi fundamental. Eles se empenharam muito. É muito diferente de escrever por escrever", orgulha-se Catia.
Projeto
"Brincando no escuro"
O projeto se desenvolve a partir de
jogos, leitura, brincadeiras, confecção de materiais didáticos, conscientização
de solidariedade, através de experiências, vivência e reflexão da realidade dos
deficientes visuais. Todas as atividades propostas têm o intuito de ser
inclusiva, podendo ser adaptáveis para os deficientes visuais, trazendo assim a
interação prazerosa e construtiva no final do projeto.
Público alvo: 4º ano / 8 – 9 anos
/ Ensino fundamental I
Justificativa: Na sociedade atual,
onde se fala de inclusão em todos os âmbitos, é necessário que a escola cumpra
com o seu papel de transformadora e de formadora, atendendo à proposta da
LDB , em seu artigo 12 : "os estabelecimentos de ensino,
respeitadas as normas comuns e as do seu sistema de ensino, terão a incumbência
de elaborar e executar sua proposta pedagógica".Sendo assim, no que se
refere à inclusão, a escola deve elaborar sua proposta pedagógica de forma a
atender o aluno com necessidades educativas especiais dentro dos critérios de
crescimento intelectual, social e humano. Portanto a proposta pedagógica
precisa buscar alternativas que possibilitem preparar estas pessoas para
exercer sua cidadania com dignidade, bem como “sua inserção no mercado de
trabalho” (art. 2º - LDBEN).
Objetivos Gerais:
Desenvolver
práticas que promovam o desenvolvimento e a prática da cidadania.
Objetivos específicos:
-
Desenvolver a cidadania (Cooperação, Sinceridade, Respeito, Diálogo,
Solidariedade, Não agredir, Bondade) a partir das atividades.
-
Buscar a modificação da sociedade através do projeto
-
Incentivar a participação de todos neste processo
-
Aguçar a criatividade do aluno em aprender mais sobre o
processo inclusivo
-
Garantir a socialização de todos
-
Interagir nos jogos simbólicos, como no desenvolvimento de
materiais didáticos adaptáveis.
-
Participar dos jogos de regras, como futebol, dama e
compreender as regras e os objetivos.
-
Interpretar as leituras e através da confecção do livro de textura,
expressar seus sentimentos diante da situação abordada.
-
Apropriar de conhecimentos Matemáticos e raciocínio lógico.
-
Compreender a importância dos sentidos .
-
Desenvolver habilidades artísticas, na confecção de materiais
adaptáveis, como livros de textura e dominó
Recursos: livros, gibis,
folha sulfite, papel camurça, tinta relevo, lixa, papel ondulado, espuma, EVA,
miçangas, cartolinas, lápis de cor, canetinha, papel cartão, tampinhas de
garrafas, algodão, cola, tesoura, copo descartável, colheres descartáveis,
frutas diversas, bola, tecido, Música “Os sentidos” (Hi 5), Pó de
café,Controle remoto e CD com som de água, tecido, feltro e fósforo.
Cronograma:
·
Todas as segundas-feiras do mês de abril, nas aulas de
Educação Artística, confeccionaremos os jogos de dama adaptáveis e faremos
pintura com olhos vendados.
·
Todas as sextas-feiras do mês de
abril, nas aulas de Língua Portuguesa, trabalharemos com as leituras e
confecção do livro de textura.
·
Todas as quartas-feiras do mês de
maio, nas aulas de Matemática, trabalharemos os jogos de dominó, com atividades
de cálculos e raciocínio lógico.
·
Na última semana do mês de maio,
trabalharemos nas aulas de ciências, os Órgãos do sentido.
·
Na segunda e terceira quinta-feira do
mês de maio, nas aulas de Educação física, praticaremos o futebol
adaptável.
·
Na primeira sexta-feira do mês de
junho, faremos uma visita à escola para deficientes visuais.
·
Na primeira segunda-feira do mês de
junho, teremos avaliação.
Desenvolvimento:
Aula de Artes
1º etapa: Iniciar a atividade
com uma roda de conversa e perguntar para as crianças se alguém sabe o que são
jogos adaptáveis. Explicar e escutar as sugestões de jogos. Após Organizar as
crianças em grupos de quatro e entregar para cada um materiais a serem
utilizados, ajude-os a desenvolver idéias para o jogo de dama para que o
deficiente visual também possa jogar. Após a decisão do grupo, guardar em
caixas nomeadas os materiais para a próxima aula.
2º etapa: Organizar os grupos já
definidos e iniciar a confecções dos jogos, como cada grupo propôs após cada
aula guardar com cuidado os materiais.
3º etapa: Organizar os grupos e
finalizar as confecções dos jogos e tirar fotografias para expor na sala.
4º etapa: Fazer uma roda no chão da
sala de aula, ler o gibi da Turma da Mônica, a história de Louis Braille, com a
personagem Dorinha, uma deficiente visual e após dar uma folha sulfite e lápis
de cor e canetinha para cada aluno, e explicar que o desenho que eles quiserem
fazer, terá que ser produzido de olhos vendados e com muito cuidado e
dedicação. Acabando a atividade, podem expressar as dificuldades e seus
sentimentos perante a essa atividade. A professora recolherá os trabalhos.
5º etapa: Rever o conhecimento que
foi passado nas aulas, e fazer um painel com as fotografias e os desenhos para
expor na sala de aula.
Aula de Língua Portuguesa
1° Etapa: Forme grupos de 4 pessoas e
distribua o texto:
“Uma amiga diferente”.
Era uma vez uma joaninha que nasceu
sem bolinhas, por isso ela era diferente.
As outras joaninhas não davam
"bola" para ela, cada qual com suas bolinhas.
Viviam dizendo que ela não era uma
joaninha.
A joaninha ficava triste, pensando
nas bolinhas e no que poderia fazer...
Comprar uma capa de bolinhas? Ou quem
sabe ir embora para longe, muito longe dali.
Ela pensava e pensava, mas sabia que
não seria as bolinhas que iriam dizer se ela era uma verdadeira joaninha.
Então, ela resolveu não dar mais
importância ao que as outras joaninhas pensavam e continuou sua vida de
joaninha sem bolinhas!
Até que um dia as joaninhas reunidas
resolveram expulsa-la do jardim. Sabendo que ela era uma autêntica joaninha,
mesmo sem bolinhas, teve uma idéia...
Contou tudo para o besouro preto, que
é parente distante das joaninhas. Ambos decidiram ir à casa do pássaro pintor e
contar à ele tudo que acontecia.
O pássaro pintor então teve uma
idéia, pintou com capricho o besouro que ficou parecendo uma joaninha de
verdade.
E lá se foram os dois para o jardim:
a joaninha sem bolinha e o besouro disfarçado.
No jardim ninguém percebeu a
diferença, e com festa receberam a nova joaninha.
A joaninha sem bolinhas que tudo
assistia de uma folha, pediu um minuto de atenção e limpando a pintura que
disfarçava o besouro preto disse:
-E então, quem é a verdadeira
joaninha?
Logo após a leitura dos alunos faça uma roda para que os grupos apresentem suas
idéias. Nas aulas seguintes os alunos vão aprender sobre o alfabeto em braile.
O grupo que apresentaram suas idéias sobre o texto vai desenvolver o livro de
texturas, trabalhar a sensibilidade tátil e sinestésica, a distribuição de
cores e principalmente as texturas. A cada página o aluno encontra uma nova
ilustração que permitirá o aluno vivenciar várias sensações táteis, o que serve
como estímulo para manusear o livro. A história se apresenta na página direita
e a ilustração com texturas na página esquerda, um livro que poderá ser usado
para deficientes físicos e para alunos sem nenhuma deficiência. Descrição do
livro: Este livro apresenta ilustrações que fornece estímulos com diferentes
texturas, feitas em alto relevo, com lã, papéis lisos, bolinhas de papel e
palitos de fósforo. A parte inferior de cada folha possui um palito colado de
forma que facilite ao aluno, virar a página.
Aula de Matemática
1° etapa: O jogo a ser jogado nesta
aula chama-se DAMÁTICA (dama + matemática) que já foi confeccionado na aula de
Artes. A professora irá fazer uma breve explicação do jogo e anexarão as regras
no mural, que são as seguintes:
1° O jogo é composto por um tabuleiro
de textura, onde as partes brancas estarão enumeradas. São 24 peças, sendo 12
de cada cor (encapadas com feltro e texturas) e em cima de cada uma terá as
operações matemáticas (+, -, x).
2° Toda vez que o jogador avançar de
casa terá que resolver uma operação que irá de acordo com a peça que o mesmo
decidiu movimentar (como indica no desenho abaixo).
No mural vai ser colocado um cartaz
(produzidos pelos alunos) que indicará os vencedores de cada rodada.
2° etapa: Nesta aula a professora irá
ensinar para os alunos o jogo de dama tradicional, usando os tabuleiros da
escola, para desta forma os alunos reconhecerem as regras e tirarem suas
dúvidas. Depois jogar coletivamente a DAMÁTICA com todos os alunos, para
retirar possíveis dúvidas que ainda possa existir.
3° etapa: A professora irá separar os
alunos em duplas, intercalando meninas e meninos para que haja socialização
entre eles. Com todos prontos a professora irá soar o apito para que comesse o
jogo. O vencedor de cada dupla terá seu nome colocado no mural para o desafio
final que será na próxima aula.
4° Etapa: Com todos preparados começa
o último desafio que elegerá 7 vencedores tais quais terão o mérito de ajudar
os alunos de classe nas próximas atividades de matemática.
Aula de Ciências
1º etapa: Passar a música “Os
sentidos” e pedir que os alunos prestem atenção à letra.
Os Sentidos
( Hi-5)
1,2
1, 2,3
Vem contar,
Vamos brincar
Temos cinco
sentidos
E os seus sentidos quantos são?
Cinco! São cinco! Hi5! (Hi5)
Temos cinco
sentidos
E os seus sentidos quantos são?
Cinco! São cinco! Hi5! (Hi5)
Um - visão
Dois - audição
Três - paladar
Quatro - Tato
Cinco - Olfato
Cinco
sentidos!
Cinco sentidos
E os seus sentidos quantos são?
Cinco! São cinco! Hi5! (Hi5)
1,2
1,2,3
Vem contar,
Vamos brincar
A visão pra te
ver
Audição pra te ouvir
Vou pegar suas mãos
E com o tato sentir
Pra comer vou provar
Com o meu paladar
Olfato é pra cheirar
Cinco sentidos,
são cinco!
Cinco sentidos!
Cinco sentidos
E os seus sentidos quantos são?
Cinco! São cinco! Hi5! (Hi5)
Nós temos cinco
sentidos
E os seus sentidos quantos são?
Cinco! São cinco! Hi5! (Hi5)
Um - visão
Dois - audição
Três - paladar
Quatro - Tato
Cinco - Olfato
Cinco
sentidos!
Cinco sentidos
E os seus sentidos quantos são?
Cinco! São cinco! Hi5! (Hi5)
1,2
1,2,3,4,5
Vejo a luz a brilhar
Ouço o som a tocar
E também ao sentir se está quente pra mim
Meu nariz sabe bem
Se o cheiro é bom ou ruim
Então quem quer
brincar?
Cinco sentidos, são cinco!
Cinco sentidos!
Cinco sentidos
E os seus sentidos quantos são?
Cinco! São cinco! Hi5! (Hi5)
Temos cinco
sentidos
E os seus sentidos quantos são?
Cinco! São cinco! Hi5! (Hi5)
Cinco sentidos
E os seus sentidos quantos são?
Cinco! São cinco! Hi5! (Hi5)
Temos cinco sentidos
E os seus sentidos quantos são?
Cinco! São cinco! Hi5! (Hi5)
1,2
1,2,3
Vem contar,
Vamos brincar
2º etapa: Transmitir todo o conteúdo
da matéria, escrevendo na lousa os pontos principais e pedir que os alunos
acompanhem através de seus livros.Discutir sobre o conteúdo da matéria
com os alunos e tirar as possíveis dúvidas e será esclarecida na próxima aula.
3º etapa: Dividir a sala em quatro
grupos. O professor auxiliar ficará com três grupos no pátio da
escola, enquanto a professora faz a brincadeira com o primeiro grupo, na sala
de aula.Fazer com que cada aluno do grupo, de olhos vendados,
identifique um controle remoto através do tato, uma fruta através do paladar, o
pó de café através do olfato e o som de água através da audição. Solicitar
que o grupo decida as respostas e anote na folha. A professora
levará o grupo ao pátio e retornará à sala de aula com outro grupo, onde
repetirá o mesmo procedimento. Ao final, todos retornarão à sala de
aula.
4º etapa: Nesta aula a
professora fará a correção das respostas dadas pelos grupos. O
grupo que acertar todas as questões será o vencedor. Após discutir com a sala
sobre a experiência de “enxergar” através de outros sentidos (tato, paladar,
audição e olfato).
5º etapa: Individualmente, fazer uma
atividade onde em uma folha terá o rosto incompleto, e os alunos terão que
identificar qual está faltando e descrever o sentidos e para que os
servem . Pedir que coloram e colem no mural da sala de aula.
Aula de educação Física
1º etapa: ao chegar à quadra, o
professor ditará as regras e o objetivo do “jogo de futebol nas escuras”.
Explicará como se efetua o passe, a recepção, chute, condução da bola, o
drible. Em seguida, o professor divide os times, composta por seis jogadores em
cada um, e venda os olhos dos alunos. Inicia-se a atividade, dispondo os alunos em
círculo com apenas um deles ao centro. Um dos alunos bate palmas e o que está
no centro deve deslocar-se em sua direção ao professor comanda quem irá bater
as palmas para evitar a emissão de mais de um estímulo auditivo; b) o aluno que
estiver na roda deverá posicionar-se com os braços estendidos à frente para a
prevenção de um possível choque; c) o estímulo poderá ser por voz, palmas ou
com uso de uma bola com guizo. Todas as equipes deverão participar, sendo 10
minutos para cada. Terminado a aula, eles voltarão à sala de aula.
2º etapa: No segundo dia daremos
continuidade aos jogos, enfatizando a dificuldade e habilidades dos deficiente
visuais. O professor irá propor um jogo com os deficientes no dia da visita, e
fará as recomendações necessárias. Essa atividade será avaliada para nota.
Visita
Contatar a coordenação da escola,
solicitando permissão para uma visita pela escola de deficientes visuais e
agendar a visita juntamente com um ônibus.O professor fará uma recapitulação,
em sala de aula, sobre as aulas anteriores. O passeio ocorrerá no dia 3 de
Junho das 13 horas às 17 horas. Combinar com os alunos que coloquem em prática
o respeito durante a visita e explicar que os alunos da escola a ser visitada
são deficientes visuais e que a única diferença entre eles é a falta de um
sentido, mas que isto não cria barreiras que não possam ser transpostas na
educação, no trabalho ou na vida em sociedade. No dia da visita, os alunos
deverão aguardar a solicitação do professor auxiliar para entrar no ônibus.
Iniciar a visita conhecendo a escola e interagindo com os alunos deficientes.
Fazer uma pausa para o lanche às 15 horas. Continuar a visita com a entrega dos
livros e todos os professores organizarão grupos para que possam jogar juntos o
jogo Damática, confeccionado durante as aulas, e a abertura dos
livros. Após, a escola fará uma partida de futebol, para uma despedida
descontraída. Em seguida, todos retornarão, de forma organizada, para o ônibus.
Avaliação:
Serão avaliados, através de registro,
pelo professor: a participação de cada aluno, a compreensão do tema, as
atitudes e posturas durante a visita e as mudanças de comportamento.
Produto final:
Todos os materiais e atividades
feitos durante o projeto, como os jogos de dama, desenhos, fotografias das
atividades em sala de aula e da visita, o livro de textura, os matérias e
desenhos dos órgãos dos sentidos, serão expostos no hall da escola no dia da
reunião de pais.
Bibliografia:
Projeto realizado por: Adalgenia Moura, Aline Mendes, Jacqueline
Teixeira, Ana Claudia Jhonston, Carla Silmara Oliveira.
Vídeo
sobre Alfabetização por meio de jogos pedagógicos
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